segunda-feira, 19 de maio de 2025

Virginia

 Critica: Virgínia 



Acredito que excelentes espetáculos retornam e retornam, no mínimo,  na lembrança de espectadores ou amantes do Teatro.

Fui assistir "Virginia" sem a obrigatoriedade de fazer a crítica.  Fui porque gosto de tudo que envolve a escritora, a atriz, o diretor, a paixão pela literatura. 

Virgínia Woolf escrevia com fluxo de consciência e daí saíram obras primas. Viveu seus terrores de infância,  seus delírios,  sua ausência de conexão humana, sua vasta vida internamente até a morte, em pleno desalento ante à  segunda grande guerra.

Vejam bem, esse espetáculo,  primeira incursão de Claudia Abreu pela dramaturgia, aliás,  diga-se que o texto é extremamente bem construído  e também por atuar em seu primeiro monólogo e foi visto por mais de 45.000 pessoas no Brasil, Portugal e no México.

Monólogos são como diz o nome palavras solo. E Claudia mergulhou no universo de Virgínia Woolf com tanta intensidade que a plateia vivencia grandes momentos entre sua vida e obra.

Muitos detalhes são pela maioria desconhecidos completamente o que torna o texto de uma complexidade instigante. Palmas!

A direção de Amir Haddad ingressa no universo de várias personagens e com um gesto, uma marcação,  uma mudança de luz nos faz ingressar também.  O diretor trabalhou a atriz para interpretar da maneira mais casual possível e isso nos aproxima da complexa personagem, engasgo de emoção,  lucidez x delírios,  realidade sufocante, tudo está ali presente. Palmas!

Claudia Abreu se destaca em sua geração de atores formados pelo Tablado de Maria Clara Machado. Assisti Orlando, assisti  muito antes Pluft, O Fantasminha e vi desde cedo uma atriz com absoluta entrega. É , mais que isso, diversa, múltipla,  profunda. Não busca a superficialidade das formas, busca o conteúdo.  Sua Virgínia traz essa profunda angústia e o extremo da grandiosidade da artista. Com emoção à flor da pele,  com total domínio do espaço cênico,  com gestos e bailados apropriados, mas principalmente,  com a essência de Virgínia,  a atriz nos faz experenciar  cada momento desse ícone da literatura em seu âmago. Palmas e palmas!

Temos vontade de ver mais e mais vezes para descobrir cada nuance da interpretação. Esperamos que o espetáculo retorne em breve, mas essa resenha visa retratar para plateias futuras a grandiosidade desse espetáculo. 

Não é preciso dizer que o figurino de Marcelo Olinto, a iluminação de Beto Bruel,  a direção de movimento de Marcia Rubin e a trilha sonora de Dany Roland são experiências fundamentais. Fundamentais. Palmas! 

Foi um dos melhores espetáculos que assisti há anos!

Fica aqui o convite para, se um dia voltar, não percam!

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