Critica: Virgínia
Acredito que excelentes espetáculos retornam e retornam, no mínimo, na lembrança de espectadores ou amantes do Teatro.
Fui assistir "Virginia" sem a obrigatoriedade de fazer a crítica. Fui porque gosto de tudo que envolve a escritora, a atriz, o diretor, a paixão pela literatura.
Virgínia Woolf escrevia com fluxo de consciência e daí saíram obras primas. Viveu seus terrores de infância, seus delírios, sua ausência de conexão humana, sua vasta vida internamente até a morte, em pleno desalento ante à segunda grande guerra.
Vejam bem, esse espetáculo, primeira incursão de Claudia Abreu pela dramaturgia, aliás, diga-se que o texto é extremamente bem construído e também por atuar em seu primeiro monólogo e foi visto por mais de 45.000 pessoas no Brasil, Portugal e no México.
Monólogos são como diz o nome palavras solo. E Claudia mergulhou no universo de Virgínia Woolf com tanta intensidade que a plateia vivencia grandes momentos entre sua vida e obra.
Muitos detalhes são pela maioria desconhecidos completamente o que torna o texto de uma complexidade instigante. Palmas!
A direção de Amir Haddad ingressa no universo de várias personagens e com um gesto, uma marcação, uma mudança de luz nos faz ingressar também. O diretor trabalhou a atriz para interpretar da maneira mais casual possível e isso nos aproxima da complexa personagem, engasgo de emoção, lucidez x delírios, realidade sufocante, tudo está ali presente. Palmas!
Claudia Abreu se destaca em sua geração de atores formados pelo Tablado de Maria Clara Machado. Assisti Orlando, assisti muito antes Pluft, O Fantasminha e vi desde cedo uma atriz com absoluta entrega. É , mais que isso, diversa, múltipla, profunda. Não busca a superficialidade das formas, busca o conteúdo. Sua Virgínia traz essa profunda angústia e o extremo da grandiosidade da artista. Com emoção à flor da pele, com total domínio do espaço cênico, com gestos e bailados apropriados, mas principalmente, com a essência de Virgínia, a atriz nos faz experenciar cada momento desse ícone da literatura em seu âmago. Palmas e palmas!
Temos vontade de ver mais e mais vezes para descobrir cada nuance da interpretação. Esperamos que o espetáculo retorne em breve, mas essa resenha visa retratar para plateias futuras a grandiosidade desse espetáculo.
Não é preciso dizer que o figurino de Marcelo Olinto, a iluminação de Beto Bruel, a direção de movimento de Marcia Rubin e a trilha sonora de Dany Roland são experiências fundamentais. Fundamentais. Palmas!
Foi um dos melhores espetáculos que assisti há anos!
Fica aqui o convite para, se um dia voltar, não percam!

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