Essa página é dedicada aos talentosos autores teatrais.
Além do perfil, traz a sinopse de seus textos.
Para maiores informações e acesso ao texto, entre em contato diretamente com o autor.
Sonia Alves, carioca, formada pela Uni-Rio em Artes Cênicas–Interpretação, iniciou estudos de Português-Literaturas na UFRJ (inconcluso), tendo feito Pós-graduação em Gestão Pública, pela Faculdade Lusófona. Escritora, com mais de 20 peças, contos, argumentos para cinema, poemas e um romance policial, teve dois textos seus encenados no espetáculo TODAS ELAS, pela composta por quatro monólogos, encenados por Laura Arantes, atriz radicada em Londres, apresentados no Brasil (Sesc Paladium, em Belo Horizonte, e Teatro do Vidigal), e na Inglaterra (no Etcetera Theatre, em Camden Town). Recentemente participou do Laboratório Cênico, de Rodrigo Portella, promovido pelo Sesc Tijuca, e do Seminário Artista Visitante, do Teatro Poeira, com Cecília Boal. Além da ocupação do espaço Front, participa do projeto “Leitura nos Jardins”, com Cecília Boal (em curso), e da oficina “Introdução à Análise Ativa Para Diretores”, com Diego Moschkovich, no Teatro de Arena da Caixa Cultural . Ainda durante setembro, participará da Oficina de Dramaturgia, com Sérgio Carvalho, no Teatro Poeira.
Sinopse:
Além do perfil, traz a sinopse de seus textos.
Para maiores informações e acesso ao texto, entre em contato diretamente com o autor.
Sonia Alves, carioca, formada pela Uni-Rio em Artes Cênicas–Interpretação, iniciou estudos de Português-Literaturas na UFRJ (inconcluso), tendo feito Pós-graduação em Gestão Pública, pela Faculdade Lusófona. Escritora, com mais de 20 peças, contos, argumentos para cinema, poemas e um romance policial, teve dois textos seus encenados no espetáculo TODAS ELAS, pela composta por quatro monólogos, encenados por Laura Arantes, atriz radicada em Londres, apresentados no Brasil (Sesc Paladium, em Belo Horizonte, e Teatro do Vidigal), e na Inglaterra (no Etcetera Theatre, em Camden Town). Recentemente participou do Laboratório Cênico, de Rodrigo Portella, promovido pelo Sesc Tijuca, e do Seminário Artista Visitante, do Teatro Poeira, com Cecília Boal. Além da ocupação do espaço Front, participa do projeto “Leitura nos Jardins”, com Cecília Boal (em curso), e da oficina “Introdução à Análise Ativa Para Diretores”, com Diego Moschkovich, no Teatro de Arena da Caixa Cultural . Ainda durante setembro, participará da Oficina de Dramaturgia, com Sérgio Carvalho, no Teatro Poeira.
A ESPERA
Alice, mulher de meia idade, profissional dedicada e competente, de humor ácido e inteligente, vê sua vida transformar-se meses atrás, após ser demitida por justa causa, quase ao mesmo tempo em que é diagnosticada com uma doença rara e fatal.
Sua internação em um hospital de poucos recursos, deixa em desespero seu marido Júlio, jornalista free lancer, apaixonado por sua mulher, que tenta, sem sucesso, pagar as dívidas contraídas com a casa e as despesas da internação, fazendo trabalhos de qualidade duvidosa e sempre mal pagos.
Antes de embarcar para São Paulo, Júlio visita sua esposa, onde terão uma conversa com toques de nostalgia, desejo, sonhos, morbidez e esperança. O que ele não sabe, é que Alice tem outros planos para aquele final de semana...
Nova rodada de silêncio. O
som da televisão, até então inaudível, é aumentado por Alice, que mostra um
programa sensacionalista de segredos e revelações familiares. Ela tenta
restabelecer a conversa com uma nova série de assuntos banais.
-
Acho que a seringa do soro entupiu.
-
(Verifica) Deixa eu ver. Não, tá
normal. Daqui a pouco isto termina (Se
referindo ao soro).
-
Termina (começa a ofegar)
-
(Segura em suas mãos suadas) Termina
porque você vai sair daqui, ter alta. Você vai deixar este quarto sorrindo.
-
Nisso eu posso acreditar.
-
Não dou uns quinze dias...
-
Antes disso...
-
(Se animando) Antes disso! A gente
vai sair e comemorar. Vou preparar uma festa e tanto. Todos os seus amigos vão
te visitar...
-
No cemitério São João Batista...
-
(Larga as mãos, irritado) Você faz um
esforço tão grande pra me desesperar...
(Em tom conciliador:)
-
Sou uma burra, né? Meu maridinho tão dedicado vem aqui, e eu corto os sonhos
dele...
-
Não é sonho, vai acontecer...
-
(Corta) Agradeço por não terem vindo
me visitar. Acho mesmo uma perversidade obrigar as pessoas a virem aqui. A
gente percebe a contagem regressiva em nossa direção, tic-tac, tic-tac. Com o
Vítor, também me fiz de rogada, não fui visita-lo, sabia que não ia demorar...
Não demorou.
-
De novo essa conversa...
-
Preferi torcer de longe. Quando dá certo, ótimo, nos desculpamos depois,
dizemos uma bobagem qualquer, que somos alérgicos a éter, não tínhamos tempo;
quando não, ficamos com uma boa lembrança de quem foi...
-
Alice!
-
Estou meio sombria hoje. Este último remédio que estou tomando tem efeitos
colaterais horríveis. Hoje posso comer um salmão ou quilo de esterco de vaca,
que o gosto vai ser o mesmo. Mas olha... Sua Alice vai voltar, acredite. O que
seria de mim sem você?
Contato:
Augusto Pessôa é ator, cenógrafo,
figurinista, dramaturgo, arte-educador, ilustrador e contador de histórias. Fez bacharelado em Artes Cênicas (Habilitação em
Interpretação e Habilitação em Cenografia) pela UNI-RIO. Trabalha como contador
de histórias desde 1993 apresentando espetáculos e realizando oficinas por
várias cidades e capitais do Brasil.
Quando estava terminando Cenografia
(1993), participou de dois cursos que mudaram sua vida: o curso de dramaturgia
ministrado pelo dramaturgo João Bethencourt e o curso de Contadores de
Histórias ministrado por Francisco Gregório Filho e Eliana Yunes. Ele já
escrevia textos teatrais, mas a experiência com Bethencourt deu uma nova visão
para o seu trabalho como dramaturgo. Assim como o curso de Contadores que
influenciou diretamente o seu fazer teatral. Mas foi só no final de 2001 que
conseguiu encenar sua primeira peça: o infantil MARIA BORRALHEIRA. O texto é
uma adaptação da versão brasileira de Cinderela. Foi encenado graças ao
patrocínio do Governo do estado do Rio de Janeiro através do edital
PROCENA. A peça teve grande sucesso de
crítica e público. Foi considerada pelo jornal O GLOBO como uma das melhores
encenações infantis do ano de 2002. Participou de diversos festivais, entre
eles: 5º FESTUDO (Festival de Teatro de Dourados –MTS), sendo o único
espetáculo infantil selecionado para o festival. XXVI FESTE (Festival de
Pindamonhangaba – SP – 2002) sendo premiado nas seguintes categorias: MELHOR
ESPETÁCULO INFANTIL, MELHOR DIREÇÃO – Rubens Lima Junior e MELHOR PESQUISA –
Augusto Pessôa. VII Festival de Teatro Infantil de Blumenau (2003). FILO –
Festival Internacional de Londrina (2004). Festival Internacional de São Jose
do Rio Preto (SP) (2004). Festival de Teatro de Angra dos Reis (2005).
Depois vieram outros espetáculos
infantis: O REI DOENTE DO MAL DE AMORES (2003) e MALASARTES (2004).
Criou diversos roteiros para
apresentações em institutos de arte e convenções.
Em 2008 adaptou e montou o
espetáculo infantil A MOURA TORTA com prêmio Myriam Muniz.
Em 2011 adaptou o conto de Artur
Azevedo A MOÇA MAIS BONITA DO RIO DE JANEIRO que montou com patrocínio da CAIXA
Cultural.
Voltou aos espetáculos infantis
com o texto ERA UMA VEZ (2012) encenado na Bienal do Livro Amazonas (2012),
Bienal do Livro da Bahia (2013) e no CCBB Rio (2016).
Escreveu textos que foram
encenados em Joinville: A ONÇA E O BODE musical
infantil com direção Rubens Lima Junior encenado pelo grupo ATOS Teatro (2012).
GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA musical
infantil encenado de 2014 a 2016. Uma nova versão de A MOURA TORTA (2016) e A
PRINCESA QUE TUDO VIA (2017).
Em 2016 foi encenada a comédia 4
NA KITCHENETTE no Teatro Princesa Izabel (RJ). Esse texto foi criado por
Augusto Pessôa durante o curso de dramaturgia ministrado por João Bethencourt.
Em 2018 escreveu A PRINCESA
MARGARIDA – UM MUSICAL BRINCANTE que foi encenado em Joinville pela companhia
Metamorfose. Esse texto foi adaptado de um conto escrito por Pessôa para o
livro HISTÓRIAS DE CANTIGAS (Editora Cortez). Falando em livros, o autor tem 17
livros publicados, entre eles: MACACADA (Editora
Escrita Fina – 2013) que foi selecionado para o catálogo da FNLIJ (Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil) na edição 2014 da Feira do Livro Infantil
de Bolonha. BÁ E AS VISAGENS - HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO ( Editora Escrita Fina – 2011) que foi selecionado no Edital do
Governo do Estado de São Paulo – 2012/2013. HISTÓRIAS DE NATAL ( Editora
Escrita Fina – 2010) que foi selecionado para o catálogo da FNLIJ (Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil) na edição 2011 da Feira do Livro Infantil
de Bolonha. HISTÓRIAS DE BRUXAS (Editora Livros Ilimitados – 2009). Esse texto
recebeu Menção Especial (Prêmio Adolfo Aizen) – 1998. MALASARTES! – Histórias
de Um Camarada Chamado Pedro (Editora
ROCCO – 2007) que foi selecionado no Edital do Governo do Estado de São Paulo –
2012/2013.
MARIA BORRALHEIRA
VIOLEIRO: Ela era tão bonita assim?
CONTADOR: A Maria? A Maria era mesmo uma belezura que dava gosto de
ver! Todo mundo na cidade sabia disso. E
nesta mesma cidade morava também uma viúva. (MOSTRA O BONECO FEITO COM UMA
VASSOURA)
VIOLEIRO: Eitá! Que mulher feia! Tem cara de vassoura vestida!
CONTADOR: Fica quieto, rapaz! Deixa eu contar a história! A Dona Viúva
tinha duas filhas.
VIOLEIRO: Eram bonitas como a Maria?
CONTADOR: Não... Elas não eram tão bonitas quanto a Maria.
VIOLEIRO: Eram mais ou menos bonitas?
CONTADOR: Elas não eram nada bonitas!
VIOLEIRO: Como elas eram?
CONTADOR: Na verdade elas eram bem feias mesmo! (MOSTRA AS BONECAS
FEITAS DE VASSOURINHAS) Feias que dava pena de vê!
VIOLEIRO: Olha aí! Mais vassoura vestida!
CONTADOR: Mas a nossa Maria toda vez que ia para a escola passava na
frente da casa da tal viúva. E a viúva lhe agradava muito, fazendo uma festa
danada, dava-lhe presentes. E sempre pedia para Maria falar com seu pai para se
casar com ela. Maria falava, mas o pai lhe dizia:
VIOLEIRO: (PÕE UM CHAPÉU E FALA COMO PAI) - Maria, esta mulher hoje lhe
dá papinhas de mel, mas depois do casamento lhe dará papinhas de fel.
CONTADOR: Que diacho é FEL?
VIOLEIRO: (COMO PAI) É uma coisa muito amargosa que não dá pra engoli!
CONTADOR: Argh! Mas a viúva tanto insistia com Maria e a menina tanto
insistia com o pai, que o homem não sabia como resolver. Um dia teve uma ideia
e falou pra Maria:
VIOLEIRO: (COMO PAI) – Maria, eu só caso com a viúva depois de você
gastar esses sapatinhos!
(VIOLEIRO ENTREGA OS SAPATOS PARA O CONTADOR)
CONTADOR: (PEGANDO OS SAPATOS)
Xiiii! Agora que não tem casamento mesmo. Como é que a Maria vai gastar
esses sapatos? É sapato de quê?
VIOLEIRO: (COMO PAI) É sapato de ferro!
CONTADOR: De ferro?! Vai demorar muito. Não vai dar jeito. Mas a viúva,
que era entendida nas artes da bruxaria, disse pra Maria: (OUTRO TOM – FALA
COMO SE FOSSE A VIÚVA) Não se preocupe Maria. Eu sei como resolver. Você vai fazer xixi em cima do sapato e o
sapato vai ficar estragadinho... Estragadinho...
VIOLEIRO: (TOM NORMAL – SEM O CHAPÉU) Mas isso é coisa que se faça.
Mandar a menina fazer xixi em cima do sapato !
CONTADOR: É... Não é muito bonito... Mas a Maria fez. Ela achava que a
viúva ia ser uma boa esposa para o pai dela. A Maria pegou o sapato, botou
dentro de uma bacia e... Fez xixi em cima ( O CONTADOR PEGA O SAPATO PÕE NA
BACIA. DEPOIS PEGA UM REGADOR E MOLHA O SAPATO) Gente... Não é que deu certo
!!! O sapato ficou estragadinho... Estragadinho !! E o pai da Maria, que jeito,
casou com a viúva que passou a ser a madrasta da menina.
(VIOLEIRO TOCA UM PEDAÇO DA MARCHA NUPCIAL)
CONTADOR: Nos primeiros tempos do casamento as papinhas continuaram
sendo de mel. Mas, infelizmente, o pai de Maria teve um piripaquê e... morreu !
(VIOLEIRO TOCA UM PEDAÇO DA MARCHA FUNEBRE. O CONTADOR GUARDA O CHAPÉU)
VIOLEIRO: Quanta tristeza pra Maria!
CONTADOR: (VOLTANDO) É! Mas vocês não virão nada! Porque as papinhas
que eram docinhas feito mel se transformaram naquela coisa amargosa... Num fel
terrível. Maria era obrigada a fazer todo o serviço da casa. Depois que ficou
maiorzinha, foi tirada da escola e obrigada a fazer os serviços mais difíceis.
Era ela quem rachava lenha. Ela que pegava água no riacho. Ela que limpava a
casa toda.
(VIOLEIRO CANTA )
MÚSICA : MARIA BORRALHEIRA
Quem é que só trabalha?
Quem vive na sujeira?
Quem leva
uma cangalha?
É Maria Borralheira!
Quem é que só trabalha?
Quem vive na sujeira?
Quem leva
uma cangalha?
É Maria Borralheira!
Lava,
passa e encera,
Limpa, seca e cozinha,
Costura,
racha e tempera!
Como trabalha, a coitadinha!
Varre,
corta e rega,
Pinta, borda e esfarinha,
Capina,
torce e esfrega!
Como trabalha, a coitadinha !
Quem é que só trabalha?
Quem vive na sujeira?
Quem leva
uma cangalha?
É Maria Borralheira!
Quem é que só trabalha?
Quem vive na sujeira?
Quem leva
uma cangalha?
É Maria Borralheira!
VIOLEIRO: Coitada! Quanto trabalho!
CONTADOR: É, rapaz! Como a Maria vivia sempre muito suja do trabalho,
no meio da sujeira, do borralho, passou a ser chamada de Maria Borralheira.
OUTONO
Que bom conhecer novos autores tão talentosos!!
ResponderExcluirAmei os dois textos mas o segundo, outono me surpreendeu mais e deixou curiosa com o envelhecimento e rejuvenescimento dos personagens por que gosto desse tipo de "passagem de tempo" mesmo sem ser passagem mas interpretação das situações. Fiquei impactada e até assustada com o que possa ter acontecido com a mãe dela quando o pai diz: "Não quero um piu!" Esse texto me despertou a vontade de voltar a escrever textos para teatro. Muito bom!
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