sábado, 11 de setembro de 2021

Sonhos De Uma Noite Com O Galpão

 

O Galpão, que teve sua origem no Teatro de rua , sempre se renovando ao longo de quarenta anos de existência, forte e exuberante, se faz presente nestes tempos de pandemia, da linguagem à distância.

Quem esteve e está em distanciamento sonha. Todos sonhamos.  O sonho é  a manifestação do inconsciente,  dos entraves do dia-a-dia, dos desejos, das expectativas e também premonitórios porque somos todos radares.


O que fez Pedro Brício com tudo isto? Alquimia de sabores. Pedro Brício é um dramaturgo potente. Fica muito clara a sua densidade e mergulho na pesquisa, além da facilidade que possui em expressá-la. Há no seu olhar muita sensibilidade. 


A direção, neste momento, é algo como uma reinvenção. Sem contato, através de lives, surgiu um jeito de adaptar a realidade consciente à arte. A arte sempre é consciente.  Sabe o que fazer, como fazer, porque fazer.  Sua dramaturgia se traduz na frase: " nós,  agora, somos todas essas pessoas". Sonhamos a vida inteira. De olhos abertos quando é fantasia e neste momento, de olhos fechados quando o sonho é pesadelo. No sonho há um desejo ou uma aversão.  A dramaturgia de Pedro Brício traz as possibilidades, imensas, enormes, do sonho nesta pandemia. Há crítica, afinal, ¨que época é essa em que os idiotas conduzem os cegos?¨ Louvável neste momento.


Sua direção teatro metragem é dinâmica. Conduz a  atmosferas de sonhos, sejam os mais díspares numa unicidade pertinente causando interesse a todo instante. Estes sonhos são  traduzidos em imagens absolutamente palpáveis.


O Grupo Galpão é indiscutível. Cada qual com seu papel em atuações sem peso, com proposital naturalidade, porém, magistrais. Mostrando a trajetória ímpar de um país do medo, do desassossego,  do que não dorme horas a fio. Imensas pausas para esse trabalho tão potente e marcante. Ficará nos idos da história teatral como uma visão correta de como o brasileiro, quiçá  o mundo, sonhou nestes tempos. Um registro  importante das nossas angústias  e em suas origens, voltando às ruas para saber, pesquisar e fazer acontecer o que cada qual sonhou.


Um belíssimo trabalho! Pena não listar cada nome envolvido.
Você tem a chance de vê-los até 12 de setembro.

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