quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Elza



  Sete vidas tenho para viver
  Sete chances tenho para vencer...

 Essa letra traduz bem o sentimento que se tem ao conhecer mais a fundo essa artista excepcional. 
  Alguém que não sucumbiu mesmo quando a vida disse tantas vezes não.


O texto de Vinícius Calderoni traça a trajetória dessa diva da música brasileira. Composto por frases marcantes e inesquecíveis. Não poderiam faltar as frases bombásticas da própria Elza. O texto consegue sintetizar, mas sem superficialidade, cada passagem. Desde a extrema pobreza ao estrelato, família, filhos, turnês, o célebre romance com Garrincha e as duras perdas de quem muitas vezes caiu e se levantou. O texto não recorre a passagens de tempo ou intercala passado e futuro. Ao contrário, o espectador acompanha desde o nascimento até o momento atual de Elza Soares. Talvez tenham faltado mais cenas sobre seu novo trabalho. Pode-se dizer com toda certeza que o texto atinge seu objetivo, veio do interior da garganta de Elza.

  A direção de Duda Maia utiliza praticamente dois elementos cênicos: baldes ou latas d’agua e módulos que passeiam pelo palco como um balé em que as atrizes se fundem em uma só Elza. Uma das primeiras frases que se ouve é ¨Lata d’agua na cabeça, Lá vai a Elza, lá vai a Elza... “. Essas latas são utilizadas de múltiplas formas compondo cenário e objetos cênicos tais como as botas de um primeiro marido violento, como um louva-Deus, como um nível mais alto para destacar quem está fazendo seu solo e assim por diante. A direção de ator exalta o canto, a expressão corporal e as marcantes interpretações. Criativa e funcional, a direção é um dos pontos altos do espetáculo.


  Sete Vidas tenho para viver. Sete chances tenho para vencer...Sete atrizes e intérpretes que brilham, cada qual com o gestual da personagem e com a sua força. Excepcionais Janamô, Júlia Dias, Késsia Estácio, Khrystal, Laís Lacôrte, Verônica Bonfim e a atriz convidada Larissa Luz. Existe um entrosamento muito grande entre elas e mesmo quando não são o centro da cena estão ali cada qual com a sua Elza! É interessante observar tantos detalhes de composição e todas são excepcionais em seus solos. Não há, porém, como deixar de destacar Larissa Luz. Ela é dotada de um timbre muito parecido com o da homenageada e não só isso, a rouquidão, o tempo da respiração, o tipo físico criam a mágica que faz o espectador pensar muitas vezes que está diante da própria Elza Soares.


  A direção musical de Pedro Luís é igualmente extraordinária. Uma banda de mulheres que tocam muito!!! A seleção dessas musicistas foi fundamental para o resultado! E somos ricamente brindados com sons de trompete, sanfona, gaita, pandeiro, programações, só para dar alguns exemplos da multiplicidade e excelência desse trabalho. Isso sem falar na sintonia das diferentes vozes. O único momento do espetáculo que não empolga é justamente quando Elza pensou em desistir, na década de 80,  e através de Caetano Veloso com a música ¨Língua ¨ retomou sua carreira. A música, talvez devido ao arranjo, perdeu sua força.

  O cenário de André Cortez com os objetos cênicos formados por latas ou baldes,  módulos que deslizam pelo palco e também por uma enorme placa de metal ao fundo de onde saem  som e luz demonstram que com poucos elementos é possível alçar um grande voo.


  Os figurinos de Kika Lopes e Rocio Moure começam com malhas básicas como a dizer que o início foi difícil e depois com o estrelato novas cores em vestidos leves e soltos e brilhos contam muito bem a história e passagem do tempo.


  A iluminação de Renato Machado também traz sua contribuição irretocável ao espetáculo. Utilizando, inclusive, as latas como refletores. Criatividade e perfeita atmosfera.


  Resistência, luta, personalidade marcante, talento a perder de vista são características expressas de maneira natural no espetáculo. Muita emoção surge com a música ¨A carne ¨. Nesse momento, toda a plateia em cena aberta levanta e aplaude intensamente.  
  Afinal, Elza Soares é uma Negra Gata!



Local: Teatro Riachuelo Rio - Rua do Passeio, 40 - Cinelândia - Rio de Janeiro/RJ
Data: 19 de jul a 30 de set
Classificação: 14 anos
Horários: Quintas: 19h – Sextas e Sábados: 20h – Domingos: 18h
Vendas: http://bit.ly/MusicalElzaNoTeatroRiachueloRio


5 comentários:

  1. Perfeita a critica e assino embaixo. Vi e me encantei com tudo neste maravilhoso espetáculo, vale cada momento. Parabéns pelo blog, vou ficar ligado aqui.

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  2. Adorei a crítica, acho que o espetáculo está muito bem avaliado. Parabéns pela iniciativa de colocar no ar um canal de divulgação como esse. Obrigada!

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  3. Adorei Elza! E sua crítica está excelente, chamou a atenção à detalhes que eu não havia percebido.Parabéns pelo blog! Sucesso!

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  4. Parabéns pelo blog, continue nos presenteando com suas criticas tão pertinentes!fiquei animada, quero ver Elza!

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