A Personalíssima, desde a sua juventude, cantava no quintal ajudando
a mãe ou por entre as mesas do bar do pai, um homem agressivo e avesso aos
anseios da filha. Porém, a amiga de toda a vida a incentivou a participar
de um programa de calouros. No primeiro, foi gongada quando tinha 13 anos e não
alcançou êxito. Mas, dotada de forte personalidade e com o incentivo da mãe,
fez nova tentativa no programa de Otávio Gabus Mendes e obteve o primeiro
lugar.
Foi contratada como
cantora da rádio Record e a partir daí sua carreira deslanchou.
Através de Blota Júnior passou a ser chamada de A personalíssima! Isaurinha
Garcia foi quem mais vendeu discos pela gravadora RCA/Columbia. Gravou Ary
Barroso, Martinho da Vila, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Roberto e
Erasmo...A Personalíssima é atualíssima e está em cartaz! O projeto do
espetáculo foi idealizado por Kiko Garcia, neto de Isaurinha.
O texto de Júlio
Fischer tem o cuidado de mostrar a vida, a trajetória de mais de 50 anos de
carreira, o sucesso, as decepções amorosas, as lindas canções. Porém, o que
torna especial o texto, apesar de não ser uma ideia original, são os encontros
entre a Isaura mais velha e a Isaura Garcia em outras fases de sua vida. Como
já sabe o resultado das ações, a Isaura senhora antecipa para o público o que
está por acontecer. A personagem, muitas vezes, torna-se espectadora de si
mesma. A lamentar somente o fato do texto se alongar em algumas passagens.
Como alguém já disse, escrever é cortar palavras.
A diretora
Jacqueline Laurence aproveita muito bem o recurso das projeções que trazem
imagens cenográficas e coloca a modernidade a serviço da eficiência e da
rapidez em cena, pois dessa forma não são necessárias tantas trocas de cenários. Impressionam
as projeções na concepção da iluminação de Mário Junior. A única ressalva
é com relação ao excesso, pois certas imagens projetadas em nada contribuem,
são meramente ilustrativas, quase óbvias e, por isso, dispensáveis. A
direção acerta com marcações ágeis, imprescindíveis para um espetáculo tão
longo, e extrai do elenco atuações impactantes, principalmente das três
atrizes que encarnam a personagem principal.
A coreografia de
Sylvio Lemgruber é bela. A linguagem da dança contribui para o acabamento das cenas.
A direção musical
de Bibi Cavalcante é perfeita, as músicas ganham muita qualidade com os
arranjos e com a orquestra que, infelizmente, só ao final do espetáculo o
público percebe que estava ali.
Faz-se necessário
acentuar que as três atrizes, Kiara Sasso, Soraya Ravenle e Rosamaria Murtinho
estão impecáveis. Tanto no sotaque (idênticas!) timbre e gestual perfeitos.
Kiara Sasso compõem sua Isaura com todo o frescor e ímpeto da juventude. Soraya
Ravenle vivendo o auge da carreira de Isaura Garcia é responsável por cenas
inesquecíveis e pontuadas pela forte personalidade e pelas dores de amor.
Rosamaria Murtinho tem a personagem nas mãos, com domínio da voz e tamanha
segurança, sua presença é um dos pontos altos do espetáculo. Além
das protagonistas, o personagem Vassourinha, cantor e amigo de Isaura Garcia
que faleceu precocemente, ganha destaque com a interpretação carismática e voz
imponente de Samuel Melo.
Os figurinos
de Fause Haten retratam estilos ao longo de décadas.
A cantora teve seu
primeiro êxito ao ser aprovada no programa de calouros Qua-Qua-Qua-Quarenta.
Dali em diante, o Brasil conheceu a extraordinária Isaura Garcia. Uma mulher que sempre esteve à frente do seu tempo e merece o reconhecimento contido no espetáculo.
Teatro Oi Casagrande
Av. Afrânio de Melo Franco, 290
Leblon
Telefone: (21) 2511.0800
Quinta e sexta às 20h; sábado às 17h30 e às 21h; domingo às 18h - Até 14 de outubro
Ingressos também pelo site Ingresso.com ( www.ingresso.com.br )
Quinta e sexta às 20h; sábado às 17h30 e às 21h; domingo às 18h - Até 14 de outubro
Ingressos também pelo site Ingresso.com ( www.ingresso.com.br )

Depois de ler esta crítica não posso perder esta peça. Obrigada pela iniciativa de um blog tão interessate e bem cuidade!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado!!!
ExcluirMuito interessante a crítica, fiquei curiosa e vou assistir para conhecer melhor essa personalidade. Obrigada.
ResponderExcluirGrata pelo comentário!
ExcluirBoa peça, só achei um pouco desnecessário o balé constante. Senti falta de falar e mostrar a filha dela. As tres que a representam estão maravilhosas, destaque para Rosamaria que está em excelente forma. Vale a pena dar uma conferida.
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