quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Isaura Garcia - O Musical




  A Personalíssima, desde a sua juventude, cantava no quintal ajudando a mãe ou por entre as mesas do bar do pai, um homem agressivo e avesso aos anseios da filha. Porém, a amiga de toda a vida a incentivou a participar de um programa de calouros. No primeiro, foi gongada quando tinha 13 anos e não alcançou êxito. Mas, dotada de forte personalidade e com o incentivo da mãe, fez nova tentativa no programa de Otávio Gabus Mendes e obteve o primeiro lugar.


  Foi contratada como cantora da rádio Record  e a partir daí sua carreira deslanchou.  Através de Blota Júnior passou a ser chamada de A personalíssima! Isaurinha Garcia foi quem mais vendeu discos pela gravadora RCA/Columbia. Gravou Ary Barroso, Martinho da Vila, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Roberto e Erasmo...A Personalíssima é atualíssima e está em cartaz! O projeto do espetáculo foi idealizado por Kiko Garcia, neto de Isaurinha.

  O texto de Júlio Fischer tem o cuidado de mostrar a vida, a trajetória de mais de 50 anos de carreira, o sucesso, as decepções amorosas, as lindas canções. Porém, o que torna especial o texto, apesar de não ser uma ideia original, são os encontros entre a Isaura mais velha e a Isaura Garcia em outras fases de sua vida. Como já sabe o resultado das ações, a Isaura senhora antecipa para o público o que está por acontecer. A personagem, muitas vezes, torna-se espectadora de si mesma. A lamentar somente o fato do texto se alongar em algumas passagens. Como alguém já disse, escrever é cortar palavras.  

  A diretora Jacqueline Laurence aproveita muito bem o recurso das projeções que trazem imagens cenográficas e coloca a modernidade a serviço da eficiência e da rapidez em cena, pois dessa forma não são necessárias tantas trocas de cenários. Impressionam as projeções na concepção da iluminação de Mário Junior. A única ressalva é com relação ao excesso, pois certas imagens projetadas em nada contribuem, são meramente ilustrativas, quase óbvias e, por isso, dispensáveis.  A direção acerta com marcações ágeis, imprescindíveis para um espetáculo tão longo, e extrai do elenco atuações impactantes, principalmente das três atrizes que encarnam a personagem principal.

   A coreografia de Sylvio Lemgruber é bela. A linguagem da dança contribui para o acabamento das cenas. 

  A direção musical de Bibi Cavalcante é perfeita, as músicas ganham muita qualidade com os arranjos e com a orquestra que, infelizmente, só ao final do espetáculo o público percebe que estava ali.

  Faz-se necessário acentuar que as três atrizes, Kiara Sasso, Soraya Ravenle e Rosamaria Murtinho estão impecáveis. Tanto no sotaque (idênticas!) timbre e gestual perfeitos. Kiara Sasso compõem sua Isaura com todo o frescor e ímpeto da juventude. Soraya Ravenle vivendo o auge da carreira de Isaura Garcia é responsável por cenas inesquecíveis e pontuadas pela forte personalidade e pelas dores de amor. Rosamaria Murtinho tem a personagem nas mãos, com domínio da voz e tamanha segurança, sua presença é um dos pontos altos do espetáculo.  Além das protagonistas, o personagem Vassourinha, cantor e amigo de Isaura Garcia que faleceu precocemente, ganha destaque com a interpretação carismática e voz imponente de Samuel Melo.

   Os figurinos de Fause Haten retratam estilos ao longo de décadas.

   A cantora teve seu primeiro êxito ao ser aprovada no programa de calouros Qua-Qua-Qua-Quarenta. Dali em diante, o Brasil conheceu a extraordinária Isaura Garcia. Uma mulher que sempre esteve à frente do seu tempo e merece o reconhecimento contido no espetáculo. 



Teatro Oi Casagrande
Av. Afrânio de Melo Franco, 290 Leblon
Telefone: (21) 2511.0800
Quinta e sexta às 20h; sábado às 17h30 e às 21h; domingo às 18h - Até 14 de outubro
Ingressos também pelo site Ingresso.com ( www.ingresso.com.br )







5 comentários:

  1. Depois de ler esta crítica não posso perder esta peça. Obrigada pela iniciativa de um blog tão interessate e bem cuidade!

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  2. Muito interessante a crítica, fiquei curiosa e vou assistir para conhecer melhor essa personalidade. Obrigada.

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  3. Boa peça, só achei um pouco desnecessário o balé constante. Senti falta de falar e mostrar a filha dela. As tres que a representam estão maravilhosas, destaque para Rosamaria que está em excelente forma. Vale a pena dar uma conferida.

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